sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Acordo ortográfico

Estou farta! Não do novo (velho) acordo ortográfico, mas da justificação mais amplamente divulgada dada por quem é contra.
"É um facto, daqueles que se constatam e não dos que se vestem."
"O cágado está de fato na praia." (está de facto ou está de fato?)
Eu até sou a favor do novo acordo. A mim não me choca nada. Mas vamos por partes e voltando ao facto, gostava mesmo que quem é contra não o usasse mais como argumento. Coitado do facto. Deve estar farto de ser usado como arma de arremesso numa discussão da qual ele nem sequer faz parte. Sim, não faz parte! Porque se quem é contra estivesse devidamente informado e soubesse verdadeiramente contra o que é contra, então saberia que em Portugal o facto vai continuar a ser facto e portanto esse seu argumento é no mínimo ridículo.

Voltando à minha opinião sobre este "novo" acordo ortográfico. Antes de mais ele já não é assim tão novo. Já data de 1990 apesar de só em 2009 ter entrado em vigor. Do meu ponto de vista não vejo qualquer problema nisto. É certo que há uma outra coisa que me fazem confusão e às quais me poderei demorar mais a habituar. Pára do verbo parar vai passar a escrever-se para. Pêlo vai passar a ser pelo. E ainda há outras. Mas para mim, só pelo facto de que me possa fazer alguma confusão, não é razão suficiente para rejeitar. Acho que tem muitas coisas positivas e a principal para mim é a omissão dos caracteres que não se leem. Por exemplo, objectivo passa a ser objetivo e óptimo passa a ser ótimo. Para quê complicar? Se a letra não se pronuncia para quê escrevê-la? Sempre pensei assim, ainda antes deste acordo ter surgido, por isso gostei.

Mas gostos à parte, para mim este acordo tal como outras reformas que já existiram, são uma forma de manter a língua "viva", em evolução, a acompanhar os tempos. Se tal nunca tivesse havido, hoje em dia nem o português nem tantas outras línguas existiam, e ainda usaríamos o latim. Haveria algum problema nisso? Claro que não. O latim é uma língua como outra qualquer, mas a ordem natural das coisas é haver evolução. Se houver algo que não evolui, penso que mais cedo ou mais tarde acaba por cair no esquecimento. Ou então acontece-lhe o mesmo que aconteceu ao latim: não desapareceu, mas hoje em dia é considerada uma língua morta.

Esta é apenas mais uma reforma da nossa língua. Sim, porque ela vai continuar a ser a nossa língua. Isso ninguém nos tira. Apenas vai haver algumas palavras que vão passar a ser escritas de outra forma. Que diriam se hoje em dia caravela fosse caravella ou psicologia fosse psychologia. É que até ao início do século XX era assim que se escrevia. Calculo que na altura também tenha havido quem se insurgisse contra estas e tantas outras mais alterações introduzidas na língua portuguesa. Mas se estas alterações não tivessem sido feitas, se calhar era assim que ainda hoje escreveríamos.

Para terminar, não tenho nada contra quem está contra este acordo ortográfico. Apenas gostaria que passassem a usar argumentos válidos (e deixassem o facto sossegado de uma vez por todas) e que vissem melhor quais são as verdadeiras alterações. Quanto a todos nós, a favor ou contra, temos até 2015, altura em que termina o período de transição, para nos habituarmos. Aos poucos e pouco aprenderemos estas alterações e não será assim tão complicado. A maioria delas até são intuitivas.

Artigos relacionados


Sem comentários:

Enviar um comentário